Rainha Diambi Kabatusuila inicia visita à Bahia por Cachoeira e reforça laços culturais entre Brasil e Congo
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Foto: Naiane Santos/Ascom/PMC |
A Rainha Diambi Kabatusuila, monarca do povo Bakwa Luntu, da República Democrática do Congo, iniciou sua visita à Bahia pela histórica cidade de Cachoeira. Recepcionada pela prefeita Eliana Gonzaga (PT), a monarca chegou ao município na noite de segunda-feira (24). Na terça-feira (25), participou de um cortejo que saiu da Casa Preta em direção à Irmandade da Boa Morte, uma das mais importantes organizações femininas abolicionistas do Brasil. Durante a cerimônia, foi assinado um Protocolo de Intenções, reafirmando o compromisso de fortalecer as relações diplomáticas, culturais, religiosas e socioeconômicas entre Cachoeira e a República Democrática do Congo.
Em seguida, a rainha realizou um tour pela cidade, visitando locais emblemáticos como o Fabrico de Licor Roque Pinto e a Igreja dos Nagôs, mais conhecida como Igreja do Rosarinho, reforçando os laços ancestrais e a herança cultural compartilhada entre o povo congolês e a comunidade afro-brasileira.
"Receber a Rainha Diambi Kabatusuila em nossa cidade é motivo de grande alegria e nos permite resgatar um legado artístico, cultural e ancestral de duas grandes civilizações que marcaram a construção identitária do povo negro", destacou a prefeita Eliana Gonzaga.
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Rainha do Congo é recepcionada pelo prefeito de SAJ / Foto: Ascom |
Ainda no dia 25, Diambi Kabatusuila seguiu para Santo Antônio de Jesus, onde foi recebida pelo prefeito Genival Deolino. Como parte da programação oficial, aconteceu uma coletiva de imprensa às 15h50, na sede da Prefeitura Municipal. Durante o evento, a monarca e o prefeito compartilharam reflexões sobre a valorização da cultura afrodescendente e a conexão histórica entre Brasil e África.
Na quarta-feira (26), às 9h30, está programada uma recepção no auditório da UNEB, campus V, reunindo representantes da sociedade civil, povos tradicionais e de matrizes africanas.
"Esse encontro fortalece nossos laços culturais e reforça a importância do respeito às nossas raízes e à nossa ancestralidade", afirmou o prefeito Genival Deolino.
Interesse na Cultura Bantu
A Rainha Diambi Kabatusuila visita a Bahia para conhecer de perto as heranças culturais do povo bantu. O Recôncavo Baiano e a região africana compartilham uma forte ligação histórica, refletida na cultura e nas tradições locais.
A rainha pertence ao povo Bena Tshiyamba de Bakwa Indu, localizado na região central de Kasaï, que integrou o antigo Império Luba.
A cidade de Cachoeira preserva em suas ruas, tradições e expressões religiosas a forte influência dos povos africanos, especialmente dos bantus, que chegaram ao Brasil no século XVII. Suas culturas e crenças se mesclaram às tradições locais, originando manifestações culturais que permanecem vivas até hoje.
A Bahia recebeu um grande número de africanos escravizados, forçados a embarcar nos chamados navios tumbeiros — nome derivado de "tumbas", devido à alta mortalidade durante a travessia do oceano. Grande parte da população local tem raízes ancestrais em países como Angola e Congo. Atualmente, a Bahia abriga muitos descendentes da etnia bantu, um grupo de povos que compartilham uma língua de origem comum e cuja influência permanece presente no cotidiano brasileiro.
Palavras como "bagunça", "dengo", "gangorra", "fubá" e "cachimbo" são de origem bantu e fazem parte do nosso vocabulário diário. Além disso, pratos típicos como angu com carne ou quiabo, tutu de feijão e fígado com jiló, entre tantos outros, também têm raízes na culinária bantu.
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